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Prevenção de Perdas não Pode Embarcar na Onda da Miocrise

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Outubro de 2008 - Alguns dias se passaram desde que se instaurou o efeito “caos geral” em relação à crise financeira mundial. Não me cabe aqui discursar sobre hipotecas, variação cambial e, muito menos, sobre a volatilidade do mercado de ações.

Mesmo porque existem economistas em número suficiente e com grau de especialização altíssimo, capazes de dissecar financeiramente esta crise e falar horas sobre seu impacto.

Permito-me abordar o tema sob o ponto de vista do varejo em específico a Prevenção de Perdas, área com a qual trabalho há muitos anos. Em momentos como este é comum o “vírus” da crise, a MIOCRISE, se instalar em alguns gestores, afetando diretamente a sua forma de enxergar a Prevenção de Perdas. Ao invés de manter os olhos abertos para ver mais longe, além da crise, a MIOCRISE pode tornar os executivos míopes, incapazes de enxergar os verdadeiros problemas a serem combatidos.

Um exemplo é o da prevenção de perdas, uma área tão importante quanto às vendas no que se refere à competitividade do varejo por estar diretamente relacionada à lucratividade ou ao prejuízo da operação. Em um cenário negativo onde a MIOCRISE se instala, a visão é ofuscada pela pressão por resultados imediatos. Os ganhos de longo prazo e perenes obtidos pela redução dos índices de perdas nas lojas são abandonados em nome dos ganhos questionáveis provocados por cortes de orçamento, suspensão de programas, projetos, cursos e treinamentos, redução da freqüência de inventários, revisão da estrutura e demissão de profissionais qualificados.

Míopes, alguns gestores não percebem que, ao tomar esta atitude, estão tentando encher um balde cheio de furos. Quando os processos passam a ser comandados pelo foco único das vendas, sem visão preventiva, todos os investimentos feitos em melhores práticas em gestão de perdas podem desmoronar e seu reinicio mais à frente será extremamente penoso.

Estudos recentes do NRF (National Retail Federation – Loss Prevention) demonstram que a adoção plena de uma cultura de prevenção de perdas em uma operação de loja de tamanho mediano é de 15 meses, imaginando um programa sem interrupções e com um turn over baixo. Portanto, a redução de investimentos nesta área poderá significar um crescimento exponencial dos índices de perdas, já que a falta de colaboradores treinados, focados e devidamente incentivados se torna fatal a médio e longo prazos.

Por todos estes motivos não podemos nos deixar contaminar pela MIOCRISE, tomando decisões baseadas no impulso e na angústia da crise. A prevenção de perdas se torna mais do que nunca uma área estratégica neste momento, sendo seu papel baseado na construção de soluções inteligentes e eficazes.

Tome-se como exemplo o inventário, ferramenta essencial para medição e controle das perdas. Neste momento, abandonar o inventário e associá-lo como despesa é um caminho sem volta, em que o aumento dos índices passa a ser questão de tempo. Ao invés disso, o varejista deve usar essa ferramenta de forma mais produtiva e inteligente. Focar suas medições por meio de inventários cíclicos, intensificando-os em lojas criticas e alongando-os nas menos críticas ou mesmo em intensificar em departamentos que historicamente possuem índices elevados de perdas.

Outra conseqüência comum da MIOCRISE é a revisão da estrutura ou redução do quadro dos funcionários, com aglutinação de funções. Como um dos pilares de sustentação da prevenção de perdas é aquele relacionado à pessoas/cultura, o “sinal de alerta” deve ser acionado. Na esfera do treinamento e campanhas internas de incentivos, há de se entender que uma das soluções é a criação grupos de prevenção de perdas multifuncionais e com uma visão holística, capazes de multiplicar a cultura preventiva e, simultaneamente, verificar as aderências das praticas.

Por último, não podemos esquecer que dentro do conceito de desperdício, que é a diferença entre o ótimo e o praticado, a classificação tempo irá aparecer mais a frente, já que o re-trabalho gerado pelas conseqüências da MIOCRISE será enorme. Infelizmente.

Claudio Landsberg

Executivo com mais de 20 anos de experiência profissional, sendo 14 anos em gestão de empresas, com foco em serviços. Empreendedor nato desenvolveu algumas empresas desde sua criação, proporcionando um crescimento exponencial de vendas, marca e conceito em mercados inexplorados. Com características comerciais fortes, vivencia o segmento varejista por quase duas décadas, possuindo respeito profundo por parte dos profissionais da área e uma rede de relacionamento forte. Colaborador em empresas como : Generalli do Brasill, Universe Participações, Grupo Plastrom, Preventis e RGIS. Administrador de Empresas pela UFRJ, palestrante em assuntos relacionados ao tema Prevenção de Perdas, é membro internacional do NRF Loss Prevention.

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