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SEGURANÇA EM EVENTOS – GESTÃO DA ÉTICA

Destaque SEGURANÇA EM EVENTOS – GESTÃO DA ÉTICA
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Um mercado ético pode gerar resultados sustentáveis, embora, em eventos, parte dos clientes utiliza os serviços esporadicamente, daí, muitas vezes, esse tema pode ser renegado.

“Eu escuto e esqueço, Eu vejo e lembro, Eu faço e compreendo” (Confúcio)

É no contexto de Confúcio, que inicio as considerações sobre a gestão da ética na segurança em eventos, conceituando essa palavra, partindo de sua origem:
1.    Em grego – ETHOS (Ética) = Caráter
2.    Em latim – MORES (Moral) = Costumes socialmente estabelecidos que orientam a conduta humana.
Para o filósofo Paul Ricoeur - “Ética é vida boa, para e com o outro, em instituições justas”.
Segundo Matos (2010: 2), a questão é que se vivem hoje tempos de distorções do conceito de ética, para que esta se adapte às circunstâncias e aos interesses particulares.
Essa situação acaba sendo insustentável, pois o ser humano, para agir, precisa da segurança dos ditames de sua consciência e é, nesse momento, que se criam, ainda segundo Matos (2010:2), “simulacros de ética e de verdade.”
Não há possibilidade de vida social sem os princípios éticos, pois são eles que garantem o respeito e a confiabilidade, condições necessárias para a vida em comum.
Nessa linha, a sociedade, para Matos (2010:2), funda-se em 3 pilares éticos:
1.    É essencial que ela seja JUSTA;
2.    É necessário que ela seja LIVRE;
3.    É vital que ela seja SOLIDÁRIA.
Os resultados de ações que envolverão liderança, estratégia e cultura corporativas, serão fruto desses conceitos aplicados nas empresas em geral.

Algumas empresas, como resposta, criam códigos de ética e conduta, quando se veem acuadas por escândalos noticiados pela mídia. Outras fizeram, mas nunca implantaram.

Contudo, de nada adiantam códigos e mais códigos, se não houver educação pautada na consciência, inteligência e atitude, para uma cultura da Ética, fruto de estratégias eficientes e diretrizes para orientar o comportamento e as ações das pessoas.

O que se vê na prática, é o mau exemplo da própria organização, com posturas do tipo:

1)    Corrupção sempre existiu, faz parte do processo e dos riscos;
2)    Se nós não fizermos, outros farão;
3)    Para concorrer é necessário acompanhar o mercado;
4)    Na concorrência global, não se pode ter escrúpulos;
5)    Não temos exemplos dos governantes;
6)    A carga tributária do país é grande, vender sem nota melhora nosso lucro;
7)    Registrar funcionários enriquece o governo;
8)    Vamos montar as propostas combinadas, do contrário todos perdem;
9)    Para que pagar mais, se os vigilantes aceitam o pouco?
10)    E assim por diante.

CASES:

Uma determinada empresa vendeu o serviço de vigilância patrimonial, para um evento, por 250 reais para 12 horas de trabalho/homem. Contrata o vigilante e paga 90 reais, alegando que se pagar mais não terá lucro.
Devido à grande quantidade de homens, resolve fazer uma parceria (quarteirização). As vezes esta parceria tem consentimento do cliente e em outros casos não. A parceira repassa aos vigilantes 70 reais. Dessa forma, temos profissionais realizando as mesmas atividades, no mesmo evento e recebendo valores diferentes.

Nos eventos da copa do mundo, no Brasil, a paga recebida pelos “stewards”, realizando as mesmas funções, chegou a um valor de até 45% menos em algumas arenas e até 65% nas Fan Fest.
Em uma festa ”rave”, no interior de São Paulo, evento com duração de 3 dias, também houve uma parceria entre empresas, sendo que a vencedora do contrato, pagou 50% menos que a sub contratada.
Existe ainda a prática de locação de alvarás e/ou a falsificação, empresas clandestinas, seguranças clandestinos, dentre outras condições irregulares, onde o tomador é inserido em muitos e sérios riscos, e por efeito dominó, todos os clientes da cadeia de eventos.

Para fins de melhor compreensão, todos os valores correspondem a no mínimo, 12 horas de trabalho.
Digo no mínimo, em função da classificação feita pelas empresas de segurança em eventos, qual seja: se o evento for das 19h às 7h, será necessário que o vigilante chegue por volta das 17h, para credenciamento, e quando o término do evento atrasa, utiliza-se aquela máxima: se terminasse mais cedo, você iria ficar?
E o tomador de serviços, fiscaliza?

Ainda temos, quando a empresa se propõe a pagar no término, mais duras horas de fila, portanto, as atividades podem somar 16h. Agora, adicione a isso, o tempo de transporte de ida e volta. O resultado pode ser de pelo menos, 18 horas à disposição, para uma paga em média de 80 reais.
Se compararmos com o valor pago da FT – Folga Trabalhada - na linguagem do segmento de segurança patrimonial, que varia de 130 a 190 reais, por 12h, com os riscos, em tese conhecidos, em São Paulo, a sensação é que existe um submundo dessa mão de obra.
Vale a pena para os vigilantes?
Diante desse questionamento, fiz algumas pesquisas com profissionais em eventos, obtendo as seguintes respostas para o mesmo questionamento:
Vigilante, o que justifica você trabalhar, pelos menos 12 horas, por um valor inferior a uma FT?
1)    Chefe, sei que está errado, mas veja, preciso desse valor para pagar amanhã uma conta de luz, vencida há dois meses, para evitar o corte;
2)    Olha, lá em casa a coisa tá feia. A mulher tá pegando feio no meu pé. Então, é melhor trabalhar. É pouco, mas considerando o sossego, tá bom;
3)    Adoro a Ivete Sangalo. Curto e ainda ganho um dinheiro;
4)    Você viu as garotas daqui? São lindas não é? Onde mais receberia uma grana e de quebra ver as gostosonas?
5)    Estou de férias, qualquer verba tá valendo;
6)    Fui afastado pelo INSS. Aqui é um biquinho;
7)    A terceira parcela do seguro desemprego cai a semana que vem;
8)    Cansei da segurança patrimonial. Quero novos desafios;
9)    Pagam pouco, é verdade, mas, vendo uns produtos aqui e complementa a minha diária;
10)    No último evento que eu fiz, achei duas carteiras com dólar, 3 celulares e hoje vou vender;
11)    Outros.


Também foram pesquisados os tomadores de serviços. A seguir algumas das respostas:

a)    Terceirizei.
b)    Problema do contratado.
c)    Não tenho tempo e nem pessoal para fiscalizar.
d)    Não me envolvo com a lucratividade dos prestadores de serviços.
e)    Para que nota, se sai mais caro?
f)    Faço isso 6 vezes ao ano.
g)    A verba é curta.
h)    Preciso aumentar a lucratividade.
i)    Essa área é boa, não há fiscalização.
j)    Não registro nem os meus funcionários.
k)    Na próxima compro de outra empresa.
l)    No próximo evento, peço outros vigilantes.
m)    Fechei 5 empresas de eventos nos últimos 10 anos.
n)    Outros

Diante de tantas distorções, qual o caminho a seguir pelos funcionários?
Como corrigir em sociedade essas calamidades corporativas?
Quem paga essa conta?

A resposta é simples e objetiva.

Para agir com eficácia e corrigir as distorções dentro das Organizações, é preciso um Modelo de Ação, um Modelo de Gestão do Comportamento Ético, que considere a cultura corporativa, que seja abordado em nível estratégico e que sugira ações táticas e operacionais relevantes”, conforme MATOS (2010:5), enfim, algo que leve à prática da Ética.

Acrescento que é preciso coragem e postura, saber que a sua ação será determinante na construção da ética para a sociedade, tornando o negócio de segurança em eventos rentável e principalmente sustentável, haja vista, a decadência de algumas empresas do setor.

Teanes Carlos Santos Silva

Especialista em investigações e fraudes empresariais pela FECAP/BRASILIANO.
Pós graduado em Gerenciamento da Qualidade pela Universidade Bandeirante de São Paulo.
Graduado em Gestão de Segurança Empresarial pela Universidade Bandeirante de São Paulo.
Inicio de carreira em 1990 na Segurança Privada, sendo em Segurança Contra Incêndios até 1998 e a partir daí na Segurança Patrimonial.
Como Consultor de Segurança, participei da realização de Projetos de Segurança para negócios nas áreas de operadora logística, indústria alimentícia, indústria de papel e papelão, indústria de cosméticos, edifício empresarial, indústria de peças para automóveis, entre outros.
Atualmente Gestor de Segurança Patrimonial da TRW Automotive – Divisão BCS, Secretário do Comitê Nacional de Prevenção Perdas e Diretor Pleno da Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança - ABSEG.

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