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A Fraude na Sociedade

A Fraude na Sociedade
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Desde as origens da economia (alguns milhares de anos atrás) existem pessoas, mais conhecidas como “golpistas”, que se dedicam a por em prática vários tipos de fraudes, armadilhas, sistemas e esquemas para enganar e roubar o próximo.

Diante desta visão percebemos que as Fraudes dentro das empresas são problemas mais comuns do que se imagina. Embora muitos empresários e gestores acreditem que estão imunes ao risco, por conhecerem todos os processos de sua organização, a prática de fraudes pode ocorrer em empresas de qualquer porte ou segmento.

Normalmente, as fraudes são praticadas em áreas onde os controles internos são vulneráveis, permitindo que o fraudador aja por anos a fio com a esperança de que jamais será descoberto. De um modo geral o principal motivo que leva um funcionário a realizar as fraudes é a “oportunidade” de desvios sem a percepção da empresa. Pessoas que nunca realizaram fraudes, diante de um cenário de vulnerabilidade existente e percebido por esta, podem se aproveitar desta falha de controle para obter ganhos imediatos. A fraude exerce sobre as organizações o mesmo efeito que a deterioração do concreto exerce numa construção sob a superfície, ela vai minando a estrutura e os alicerces e, se o proprietário tardar em descobrir a corrosão ou não atuar imediatamente após sua descoberta, o edifício acabará por ruir.

O impacto da fraude no mundo dos negócios não se limita ao montante envolvido. A fraude de vulto pode colocar em risco toda uma organização, além de prejudicar sua reputação. Pode criar um ambiente de trabalho nocivo. Cortar o mal pela raiz, isto é, tomar as medidas apropriadas em relação aos sinais de alerta identificados, é fundamental para se ter um ambiente de trabalho saudável e ético.

Segundo estudos de mercado, a maioria dos responsáveis por atos fraudulentos nas empresas se relaciona a homens na faixa etária dos 26 aos 40 anos, que ocupam cargos hierarquicamente elevados. Em outro estudo mais da metade dos casos (58%), as fraudes são praticadas por funcionários das empresas que se deparam com fatores relacionados: a oportunidades, pressão (dívidas, dificuldades familiares, ter vícios, e etc) e racionalização quando o fraudador passa a justificar seus atos, alegando não receber o suficiente pelo que faz. O restante é composto por prestadores de serviços (18%), fornecedores (14%) e, em casos esporádicos, por clientes (8%). Com relação aos funcionários, de um modo geral se tratam de pessoas com algum tempo de casa. Em 81% dos casos, o fraudador estava na empresa por mais de dois anos: 38% dos casos com 2-5 anos de casa, 21% dos casos com 6-10 anos de casa e em 22% dos casos, com mais de 10 anos de casa.

Dentre as razões apontadas para o crescimento das fraudes corporativas, as causas mais apontadas se refere a perda de valores morais e sociais (62%), se bem que outros fatores também contribuem para esta tendência, são estes a insuficiência de mecanismos de controle (51%) assim como a impunidade (52%).

Na teoria geral como acontece na maioria dos crimes, as fraudes podem ser explicadas pela coexistência de três fatores primários:
1 - A existência de golpistas motivados.
2 - A disponibilidade de vítimas adequadas e vulneráveis.
3 - A ausência de regras, "guardas" ou controladores eficazes.

No caso específico do Brasil (mas podem acreditar que vale, por uma razão ou outra, também para muitos outros países, inclusive do “primeiro mundo”) isso se concretiza, gerando um ambiente propício as fraudes, principalmente em função dos seguintes fatores e condições:
1 - Existência de Golpistas Motivados: carência de alternativas para determinadas classes sociais, ineficiência das leis, incerteza da pena, incerteza jurídica, sistema financeiro evoluído, existência de inúmeras oportunidades, pouca fiscalização, pouca organização das autoridades em nível nacional, desrespeito as leis encarado como comportamento comum.
2 - Disponibilidade de vítimas adequadas e vulneráveis: pouca informação e divulgação preventivas, necessidade em muitos setores (capital nas empresas, crédito nas classes baixas...), ignorância e ingenuidade difusas, ganância come valor cultural difuso, desrespeito as leis encarado como comportamento comum (inclusive em função dos exemplos em nível de governo).
3 - Ausência de regras, "guardas" ou controladores eficazes: percepção do problema como não prioritário, despreparo e pouco treinamento específico das autoridades de polícia, escassa coordenação em nível nacional de ações contra fraudadores, falta de leis específicas e pouca clareza em algumas das existentes, falta de organismos dedicados à luta contra estes fenômenos.

Um principio básico e muito freqüente na elaboração de uma fraude é desfrutar a ganância das pessoas que sonham em obter muito dinheiro (ou outras vantagens) sem os correspondentes esforços e riscos. Esta é uma equação que infelizmente não existe, a não ser para os ganhadores de loterias. Estes últimos, aliás, estão sujeitos a um risco elevadíssimo sendo que numa loteria você troca uma perda total muito provável (o preço do bilhete) por uma possibilidade muito remota de ganhar um valor elevado (o prêmio).

Uma exceção são as fraudes tecnológicas onde o que se desfruta são os escassos conhecimentos técnicos da pessoa média. Casos típicos são as que envolvem a internet, onde se captam dados sigilosos das vítimas (para depois usá-los em fraudes ou roubos) desfrutando do pouco conhecimento tecnológico das mesmas ou de outras armadilhas tecnológicas. Outro exemplo são fraudes envolvendo cartões de crédito.

Existem ainda algumas outras "alavancas" psicológicas ou "fraquezas" das vítimas que exploradas e aproveitadas pelos golpistas na elaboração de seus esquemas.

Em síntese as principais fatores utilizados pelos fraudadores sobre as vítimas são:
1 - GANÂNCIA E VONTADE DE FAZER "DINHEIRO FÁCIL". 2 - IGNORÂNCIA (TECNOLÓGICA, OPERACIONAL, LEGAL, COMERCIAL ETC...).
3 - GOSTINHO DO "ILEGAL" E DO "PROIBIDO".
4 - GOSTINHO DO "MISTERIOSO" E DO "EXCLUSIVO" OU "INÉDITO".
5 - IRRACIONALIDADE E TENDÊNCIA A NEGAR AS EVIDÊNCIAS PARA PERSEGUIR UM SONHO.
6 - INGENUIDADE, CREDULIDADE E ESCASSA ATENÇÃO. 7 - NECESSIDADE E OUTRAS Pressões/Urgências.

Todas as fraudes são baseadas no aproveitamento sem escrúpulos de uma ou mais destas freqüentes "características" ou "condições" humanas.



Técnicas e Fatores Psicológicos

Segundo alguns psicólogos e espertos internacionais, outros importantes fatores psicológicos e técnicas utilizadas pelos golpistas são:

1 - Reciprocidade
É a teoria que diz que se eu fizer algo para você, você irá se sentir obrigado a fazer algo para mim. O golpista se apresentará como muito prestativo e pronto a ajudar em tudo para que a vítima fique lhe "devendo uma".

2 - Escassez
Sobretudo a falta de tempo para decidir (alegando que uma determinada oportunidade é por tempo muito limitado ou que tem algum prazo a ser respeitado) é um fator muito usado para pressionar vítimas.

3 - Autoridade
Muitas pessoas ficam cegas quando pensam estarem lidando com autoridades. Por isso os golpistas muitas vezes alegam serem ligados a órgãos ou entidades públicas que lhe confeririam poder, ou se apresentam com cargos altissonantes.

4 – A Fixação em fantasias
Esta tática visa fazer com que a vítima fique tão fixada em um determinado fantástico "prêmio" que acabe perdendo a capacidade de pensar objetivamente. Por isso, o golpista insistirá em evidenciar e concentrar a atenção das vitimas sobre os supostos grandes benefícios que esperam receber.

5 – A Prova social
Muitos golpistas alegam (sem porém fornecer provas convincentes) que o que eles estão propondo já foi feito por muitas pessoas ou empresas, criando assim a idéia implícita que a coisa deve ser boa se tantos assim a fizeram supostamente com sucesso.

6 - Semelhança e simpatia
Alguns golpistas tentam saber mais sobre as próprias vítimas, antes do primeiro encontro, para ter uma chance de criar um sentimento ou clima de amizade e/ou semelhança. O objetivo é de transformar a relação de "formal" para "entre amigos".

7 – A Terceirização de credibilidade
Outra técnica muito utilizada consiste em convencer primeiro alguma pessoa com credibilidade (freqüentemente um profissional respeitado), eventualmente mentindo e sempre sem aplicar o golpe nele, mas tentando fazer com que ele acredite que seja uma coisa boa. Aí ele virará garoto propaganda dos golpistas e as vítimas acreditarão mais facilmente nas conversas destes por serem apresentados/referenciados por aquela pessoa "confiável".

8 – A Autenticação por associação
Consiste em fazer algo parecer autêntico, mesmo não o sendo, através da associação ou apresentação conjunta com outros elementos confiáveis ou comprovadamente autênticos. Este caso pode ser aplicado nas situações relacionadas a documentos falsos que, quando apresentado em conjunto com outros documentos verdadeiros e confiáveis, pode acabar sendo aceito como também autêntico. Ou um testemunho ou uma informação falsa, que, quando misturada ou apresentada em associação a outras informações verdadeiras, confiáveis e confirmadas, pode vir a adquirir status de “verdadeira”.

Outra estratégia psicológica recorrentemente desfrutada nas fraudes é o "Envolvimento da vítima por Etapas Sucessivas", cada uma comportando um modesto investimento (em tempo, ações, contatos, viagens, dinheiro, imagem, comprometimentos etc.) por parte da vítima. Isso porque quem já investiu alguma coisa sempre estará muito mais disposto a continuar no jogo para não perder o que já investiu no caminho, situações duvidosas, maiores investimentos a fazer ou novos obstáculos a superar.

O Poder da Informação no mundo das fraudes O economista Steven Levitt, no seu celebre livro "Freakonomics", expõe de forma bem clara e coordenada alguns outros interessantes conceitos e fatos:
1) A assimetria das informações, é a situação na qual uma parte (normalmente um "especialista") detém informações relevantes que a outra parte não tem, e usa estas informações em sua vantagem.
2) A assimetria das informações pode ser usada (e freqüentemente o é) para gerar pressão na parte menos informada, normalmente através do uso de várias formas de "medo".
3) Na base de boa parte das fraudes existe uma situação de assimetria de informações onde o golpista detém informações relevantes que a vítima não tem (e infelizmente não busca, por ingenuidade, ganância, necessidade etc...), e se aproveita desta posição de superioridade para aplicar o golpe.

Esta última afirmação é muito interessante e com certeza compartilhada, levando obviamente em conta que o conceito de "assimetria de informações" deve ser interpretado de forma bem ampla e flexível.

É um fato indiscutível que quem está melhor informado mantém uma vantagem estratégica considerável sobre seus adversários. O General Sun Tsu, na China de 2500 anos atrás, já sabia disso e por isso recomendava o uso extensivo de espiões para coletar sistematicamente maiores e melhores informações sobre o inimigo, antes de enfrentá-lo. Todos os grandes estrategistas depois dele também aplicaram este conceito de base. Julius César, Saladino, Maquiavel, Napoleão, e etc.

Todos eles desenvolveram seus sistemas para conseguir estar sempre um passo a frente dos adversários no que dizia respeito as informações possuídas.

No caso dos golpistas não é diferente, os bons golpistas sempre procuram saber tudo o possível sobre sua vítimas, de preferência sem que estas percebam. Também costumam ser bem informados nos assuntos que irão enfrentar conversando com as vítimas, de maneira a manter permanentemente uma superioridade estratégica que lhe facilite alcançar seus objetivos.

Qual é uma das melhores armas que as potenciais vítimas devem ter para se defender desta situação?
Obviamente fazer o mesmo, ou seja, se informar e verificar tudo o que for proposto e conversado em encontros com pessoas desconhecidas. Aprofundar os assuntos, verificar as referências e não acreditar em qualquer pessoa, afirmação ou proposta somente porque parece "verdadeira". Tente sempre eliminar a "assimetria das informações" a favor dos golpistas, e enfrentar qualquer situação numa condição de "paridade de informações".




Referências bibliográficas:
-iMasters Inter Minas 2008 – “A nova força de Minas”- Cícero Lopes - Fraudes Dormindo com inimigo!;
-Perfil do fraudador brasileiro, MSN Brasil; -Artigos referentes a Teoria Geral da Fraude;

Marcos de Arruda Castro

Pós Graduado em Finanças – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - Lgo.São Francisco - Centro. Graduado em Ciências Contábeis – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Tibiriçá – Lgo..São Bento - Centro. Atualmente é o responsável direto pela auditoria Interna relacionada as empresas financeiras do grupo Marisa.