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Surgimento da Prevenção de Perdas no Varejo Brasileiro

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Até o início dos anos 90 o segmento do varejo tinha, em sua gestão financeira, a principal fonte para obtenção de lucros. Essa operação se baseava na negociação com fornecedores de prazos elásticos para pagamentos das compras.

Como o mercado de crédito ainda era promissor, as mercadorias eram, em sua maioria, adquiridas à vista pelos seus clientes, podendo o varejista disponibilizar o volume de dinheiro dos caixas, diretamente para o Banco e, obtendo dessa forma, a remuneração do seu capital investido. Com o fim dessa ciranda financeira em razão da implantação do Plano Real, ocorreu a estabilização da moeda. Dessa forma, os varejistas passaram a se preocupar com as operações que pudessem gerar eficiência na redução de despesas e recuperação dos lucros. Aliada as questões econômicas, a competitividade de mercado também é um fator preponderante para essa nova visão de negócio, no qual as margens de lucro passaram a ficar cada vez menores. A soma desses fatores fez com que as empresas fossem obrigadas a “olhar” para “dentro”, isto é, a gestão de processos tornou-se prioridade na pauta das decisões estratégicas das empresas.
Esse novo modelo de gestão permitiu a identificação das causas que influenciavam diretamente na redução dos lucros; surgiu-se, então, a preocupação com as PER-DAS. Hoje a Prevenção de Perdas é tratada como uma metodologia e área de trabalho vital para o resultado da empresa. Grandes varejistas estabeleceram, em seu organograma a Prevenção de perdas com status de Diretoria e Vice-Presidência.
Outra mudança no cenário, diz respeito à leitura do resultado que é proporcionado a empresa, passou de uma área de despesa para uma área geradora de LUCRO. Várias são as metodologias aplicadas na Prevenção de Perdas. Dentre elas, a principal é a modelagem de processos internos com objetivo de identificação de vulnerabilidades, análise de melhores práticas e implantação de planos de ação em razão dos riscos identificados. Alinhando esses conceitos, o Gerenciamento de Riscos Corporativos, como posicionamento estratégico, possui bastante similaridade com a Prevenção de Perdas, alias, a própria perda é uma conseqüência da concretização de um risco.
Conceitos e Teorias
A ausência de literaturas e doutrinas sobre o tema “Prevenção de Perdas” no Brasil fez com que as empresas adotassem os conceitos empregados pelo Provar (Programa de Administração do Varejo), órgão ligado a FIA (Fundação Instituto de Administração), que desde 1998 realiza pesquisas e desenvolvimentos sobre o tema, inclusive com participação de empresas que contribuem com a manutenção do projeto. PERDAS são ocorrências que geram impacto negativo nos negócios da empresa, gerando prejuízo e reduzindo os lucros. Conseqüentemente, Prevenção de Perdas é o meio utilizado para evitar a concretização dessas perdas, com a realização de investimentos humanos e tecnológicos. Não existe hoje uma padronização para a conceituação e classificação das Perdas, porém, as pesquisas realizadas anualmente pelo Provar, apresentam o seguinte direcionamento:
Perdas de Estoque Principal modalidade de perda do segmento varejista.
É obtida pelo resultado da diferença entre os estoques contábil e físico apurado na ocasião do Inventário Físico de Mercadorias. Suas causas são:
a) Furto interno: É o Furto causado por colaboradores e funcionários
b) Furto Externo: É o furto causado por clientes
c) Quebras operacionais: São as avarias causadas às mercadorias por movimentação e acondicionamentos inadequados, assim como prazos de validade expirados.
d) Erros Administrativos: São falhas de processos que causam distorções no estoque contábil
e) Fraude de Terceiros: È fraude cometida por transportadoras e fornecedores no processo de distribuição e entrega de mercadorias
Perdas Financeiras
São as perdas oriundas das operações financeiras da empresa com base nos pagamentos e concessões de crédito aos clientes nos pontos de venda, assim como a própria gestão do dinheiro quanto ao armazenamento e destinação.
São causas de perdas financeiras:
a) Assaltos: Realizados no ponto de venda e no transporte dos valores
b) Inadimplência de Crédito: Por cartões de Terceiros e na própria concessão do “private label”.
c) Fraudes de Cartões e Cheques: Em razão de clonagens
d) Pagamentos de juros indevidos: Pela deficiência nos processos de Contas a Pagar
e) Pagamentos em duplicidade: Pela deficiência nos processos de Contas a pagar
f) Fraudes em Operações eletrônicas: Em razão das operações no mercado eletrônico.
Perdas Administrativas
São as perdas causadas por desperdícios de suprimentos, água, energia, telefone, e manutenções por mau uso.
Perdas Comerciais
São as perdas ocasionadas pela ausência de produtos na gôndola, embalagens não apropriadas, prazos de entrega não cumpridos e distribuição incorreta de mercadorias
Perdas de Produtividade
Burocracia nos processos e atividades, demora no atendimento em geral, tempo na execução dos trabalhos acima do “tempo padrão” e retrabalho.

Carlos Eduardo Santos

Executivo com mais de 20 anos de experiência no Varejo em Prevenção de Perdas, Auditoria, Gestão de Riscos, Segurança Empresarial, Compliance e Controles Internos;
Presidente da ABRAPPE - Associação Brasileira de Prevenção de Perdas;
Professor na Fundação do Instituto de Administração – FIA, PROVAR – Programa de Administração de Varejo e Fundação Dom Cabral;Autor do Livro : Manual de  Planejamento de Prevenção de  Perdas e Gestão de Riscos;
Co-Autor do Livro : Manual de Varejo no Brasil;
Foi Diretor e Executivo em grandes empresas varejistas como Walmart, Lojas Marisa e Lojas Brasileiras;
Criador do Portal Prevenir Perdas;
Graduação em Administração de Empresas e Ciências Jurídicas e MBA em Gestão de Riscos e Segurança Empresarial.Atualmente é Diretor de Prevenção de Perdas e Inovação na Tyco / Johnson Controls

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